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domingo, 16 de outubro de 2011

Gaston Lenotre e Jean Castel

Quando o Rio Palace abriu suas portas no final de 1979, o hotel carioca mais badalada na época era o Hotel Meridien, que havia sido inaugurado em 1975.  Entre as razoes da badalacao era que o Meridien tinha um contrato com Paul Bocuse, o famoso Chef de Cuisine francês, que administrava o Restaurante Saint-Honore, localizado no ultimo andar do hotel, e ainda tinha no sub-solo do hotel um filial da renomada casa noturna, “Regine’s”.  Para não ficar em desvantagem neste aspecto, o dono do Rio Palace, José Carlos Ourivio, contratou o famoso Chef Patisserie, Gaston Lenotre, para abrir no Rio Palace um filial do seu restaurante parisiense, “Le Pré-Catalan”, e ainda celebrou um contrato com  Jean Castel para abrir um filial do seu lendário casa noturna “Chez Castel”.  Durante alguns anos ambas as casas funcionava dentro do esperado, mas em meados da década de ’80, por uma serie de razoes, não interessava a nenhuma das partes manter os contratos originais, e resolveu-se dar ambas os contratos por encerrados.  Me coube então a tarefa de viajar a Paris para me reunir com Lenotre e Castel  e encerrar ambos os contratos de uma forma amistosa.    A viagem acabou sendo uma das mais memoráveis da minha vida, pela grande fidalguia em que fui recebido, tanto por Gaston Lenotre, como por Jean Castel.  Ambos ficaram felizes pela maneira justa em que os contratos foram encerrados, e ambos foram muito generosos em me convidar para conhecer suas casas parisienses.   Na minha ultima noite no capital francês, o Jean Castel , que era casado com uma inglesa, me convidou para jantar na casa deles e depois iríamos todos para o “Chez Castel” , como ele fazia todas as noites.   O Jean só circulava pelo Paris no seu automóvel, que era um táxi londrino, completo com a direcao ao lado direito, e me lembro circulando  pelas ruas estreitas de Paris com a sensação que o carro iria bater a qualquer minuto, o que felizmente não aconteceu.  Nada poderia ser mais prestigioso do que chegar no “Chez Castel”, o ultra-sofisticado e fechadissimo club prive da Rue Princesse, acompanhado pelo próprio dono, e realmente todos me tratavam com extrema atenção.  A casa funcionava em três andares, com um restaurante no andar superior, e um discoteque no andar de baixo.  Todos os ambientes eram  luxuosamente decorados, com a predominancia de veludos vermelhos.  Enfim, “A Night to Remember”, sem duvida.  Voltando ao Brasil, o Castel passou a funcionar com o nome de “Palace Club”, enquanto o restaurante “Le Pré-Catalan”, manteve o nome e ate hoje continua em atividade.

sábado, 15 de outubro de 2011

Trabalhando e Viajando

Durante a década de `80 o Rio de Janeiro viveu um período de grande destaque no cenário de turismo internacional, e o Rio Palace, assim como os demais hotéis da cidade,  mantinha uma excelente taxa de ocupação, acima de 80%.  No caso do Rio Palace, boa parte dessa ocupação era devida ao turismo estrangeiro, e por isso o hotel mantinha uma ativa participação nas diversas feiras internacionais de turismo, o que  me obrigava a fazer muitos viagens ao exterior.  Em media, eu fazia seis viagens por ano para o exterior, ou para participar em alguma feira ou “workshop” organizado por Embratur ou para participar em algum evento promocional organizado pelo  “Leading Hotels of the World”.  Quando viajava, quase sempre ficava hospedado em algum hotel associado ao “Leading”, e esses não apenas ofereciam hospedagem gratuito, mas invariavelmente me hospedavam em alguma suite de luxo.  Com isso fui conhecendo - e desfrutando -  dos melhores suites nos melhores hotéis nos  principais capitais do mundo.  Alem de ser muito agradável, e  claro que isso também servia de aprendizado, pois observava tudo atentamente, e muitas inovacoes que implantei no Rio Palace, e mais tarde no Copacabana Palace,  eram frutos de que eu havia observado nestas viagens.  Nesta época a companhia aérea Varig era um grande parceiro e incentivador do trade turístico brasileiro, e seus escritórios de vendas no exterior serviam como um verdadeiro “embaixada” para o trade turístico.  Nas viagens ao exterior, fosse para que cidade fosse, era preciso, logo ao chegar, visitar o representante local da Varig, para obter informacoes comerciais essenciais que facilitaria o trabalho de vendas.  Alem de prestar todo tipo de ajuda no exterior, a Varig também oferecia grandes descontos nos preços de passagens para quem fosse participar em alguma atividade promocional do produto turístico brasileiro, e o resultado disso e que só viajávamos de Varig, e quase sempre, ainda éramos agraciados com “upgrades “ para a primeira classe, o que tornava a viagem ainda mais agradável!

Certa vez, fui participar de um evento promocional no Japão – uma viagem de 24 horas, que incluía uma escala de duas horas em Los Angeles.  Como sempre viajei com a Varig, e felizmente – considerando a longa viagem – fui mais uma vez agraciado com um “upgrade” para a primeira classe.  A viagem foi boa, mas como durmo pouco em avião, cheguei exausto no aeroporto de Narita em Tokio, e ainda tive que enfrentar duas horas de viagem de ónibus para chegar no centro da cidade.  Eu estava hospedado no New Otani Hotel, um enorme hotel de cinco estrelas que tinha perto de 3 mil apartamentos, que que também  era associado a “Leading”.  Quando cheguei no quarto, eram sete horas da noite, horário local, mas eu estava tão cansado que cai na cama e e dormi de roupa e tudo.  Quando despertei, já eram duas horas da madrugada, mas por causa do fuso horário, eu estava com um fome de cão.  Procurei no diretorio do hotel, e constatei que o hotel dispunha de 32 restaurantes diferentes, cada um com uma especialidade diferente, porem todos fechados naquela hora.  Incrivelmente, descobri  também que o   “Room Service”  também encerrava as atividades a uma hora da manha, portanto não havia como conseguir algo para comer!   Acabei comendo os dois pacotes de amendoim, que era o único alimento disponível no minibar.  Em compensação   fui o primeirissimo hospede a tomar o café da manha no dia seguinte, quando o restaurante finalmente abriu as sete horas da manha, e a garconette que me atendia deve ter ficada espantada com o apetite incomun do "gringo".