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segunda-feira, 23 de março de 2020

Coronavírus e a Hotelaria Carioca

O efeito da pandemia de Covid-19 para a hotelaria carioca é absolutamente devastador, com praticamente todos os hotéis completamente vazias, e sem reservas futuras. 'E indiscutivelmente a mais grave crise enfrentada pelos hotéis do Rio de Janeiro em todos os tempos, e muito pior que a crise pós 11 de setembro e a crise financeira de 2008. É também indiscutível que as consequências da crise se estenderão para muito além da duração da atual pandemia. O que fazer, então? Quais as medidas que podem ser tomadas para atenuar a situação e limitar os prejuízos? São essas perguntas que estão confrontando proprietários e administradores de hotéis, nao apenas no Rio, mas em todo o país. O primeiro ponto a observar é que cada caso caso é um caso. Não existem dois hotéis exatamente iguais, e nao existe uma receita única que possa ser aplicada a todos os hotéis. Cada hotel possui uma realidade individual que necessita ser levada em consideração, mas o que todos tem em comum éa realidade que quando nao há receita, todos devem eliminar ou reduzir despesas. A grande questão para os hoteleiros neste momento é se deve ou nao fechar o hotel. Como ponto de partida para a tomada de decisão, a "sabedoria convencional" indica que se a expectativa de um hotel é ter uma ocupação média ao longo dos próximos seis meses inferior a 20%, a melhor decisão é de fechar o hotel, e aguardar um momento oportuno para reabrir. Acredito que quase a totalidade dos hotéis cariocas estão encarando este cenário como o mais provável neste momento. A decisão de fechar um hotel é muito difícil para qualquer hoteleiro porque inevitavelmente resulta na demissão de muitos colaboradores. Diferentemente de outras industrias, o colaborador na industria hoteleira é parte integrante do produto que o hotel comercializa, já que a qualidade dos serviços prestados pelo colaborador é fator fundamental na percepção de valor por parte do cliente. Leva tempo - e com custo elevado - recrutar, selecionar, e acima de tudo trinar e motivar esse colaborador. A primeira grande preocupação do bom administrador hoteleiro ao enfrentar um período de crise deverá ser de proteger e preservar ao máximo o investimento no capital humano, representado pelo conjunto dos seus colaboradores, e seus postos de trabalho. Existem muitas formas de reduzir a folha de pagamento sem contemplar demissões, como férias antecipadas, redução da jornada de trabalho, licenças nao-remuneradas, suspensão de alguns benefícios, e embora essas possibilidades devem ser implementadas, é provável que a economia resultante nao será o suficiente, e demissões vai ocorrer. No final das contas, a decisão de como proceder vai depender de que tipo de ajuda o governo vai oferecer, e por quanto tempo. Li nos jornais que o governo ja anunciou que vai revogar o artigo da medida provisória que tinha acabado de publicar suspendendo os contratos e salários por 4 meses. É inquestionável que uma nova medida provisória que oferece ao menos uma remuneração digna para os colaboradores dispensados é necessária. A situação é grave e exige a colaboração e sacrifício de todos. Não podemos permitir que a parcela maior de sacrifício recaia sobre os menos favorecidos, e os hoteleiros devem fazer tudo que podem para proteger e minimizar o sofrimento dos seus colaboradores. Pode demorar, mas dias melhores virão, e quando isto acontecer os hotéis que souberam valorizar seus colaboradores nesse momento de crise sairão ganhando.