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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

LVMH e o grupo Belmond

A notícia mais interessante da semana na hotelaria mundial foi o anúncio da oferta de aquisição do grupo Belmond (ex- Orient Express), e dono do Copacabana Palace, pelo conglomerado francês LVMH, dono de mais de 50 marcas de luxo, entre os quais, Louis Vuitton, Fendi, Bvlgari, Givenchy, Christian Dior, Moët Chandon, Dom Pérignon, Tag Heuer, etc. etc.    O grupo LVMH tem mais de 120.000 funcionários e no ano passado registrou um lucro de mais de cinco bilhões de euros. A concretização da venda ainda depende da aprovação dos acionistas das duas empresas e das autoridades competentes, mas é esperado ser concluída no primeiro semestre de 2019.

A venda do grupo Belmond já era esperado, como eu mesmo havia mencionado num blog publicado algumas semanas atrás, após o grupo ter anunciado um "strategic review" que foi largamente interpretado como um sinal que o grupo estava à venda, o que despertou um processo de venda altamente competitivo. As ações do Belmond já haviam aumentado quase 50% quando foi anunciado o "strategic review", e agora aumentaram mais 40% com o anuncio do acordo de venda.

Que o grupo LVMH tenha ganho a disputa constitui uma grande surpresa, dado a sua pouca participação no mercado hoteleiro, e a especulação que grupos do Oriente Médio e da Ásia, além de grandes grupos hoteleiros, e fundos de private-equity dominava o processo de venda.  Para o Belmond, entretanto, não poderia ter havido melhor desfecho que a compra pela LVMH.  E por uma variedade de razões, a mais importante sendo a garantia da continuidade da marca Belmond, e a manutenção de sua estrutura operacional, incluindo de pessoal.  Uma segunda grande vantagem é o investimento que LVMH fará na divulgação da marca Belmond, que é uma marca relativamente recente e ainda pouca conhecida,  e ninguém entende mais de como divulgar uma marca de luxo do que LVMH.  Acrescenta-se a isso a sinergia evidente que a Belmond terá com várias marcas do conglomerado, e de possibilidades de crescimento da marca através de novos aquisições, não há dúvida que a venda para LVMH foi sensacional para Belmond, e que terá consequentemente desdobramentos positivos no Brasil, tanto para o Copacabana Palace como para o Hotel das Cataratas.

Para o grupo LVMH, a compra do Belmond é uma demonstração que o futuro do mercado de luxo não se limita ao consumo de bens de luxo, mas também a viver "experiencias" de luxo, caracterizados por visitas a lugares especiais e únicos, que é a marca registrada da marca Belmond.  Lembrando que a grande maioria dessa coleção icônica foi adquirida e desenvolvida por James Sherwood, na época em que ele foi o fundador e CEO do saudoso Orient-Express.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

As Onças Pintadas de Foz do Iguaçu


Hoje, vejo nos jornais que a onça pintada foi transformada oficialmente em símbolo da biodiversidade no Brasil e até ganhou um dia nacional, que é 29 de novembro.  O lançamento do dia nacional da onça ocorreu em Foz do Iguaçu, que é o principal centro de conservação da especie na Mata Atlântica, justamente dentro do Parque Nacional do Iguaçu.  Segundo as informações publicadas, a população dos felinos no Parque aumentou de 11 animais em 2009 para 22 em 2016.

Fico duplamente feliz com esta notícia, primeiro pelo amor que tenho pelos animais, e pela consciência ambiental que adquiri em boa parte ao conhecer o trabalho desenvolvido pelo ICMBio dentro do Parque Nacional, e segundo porque o projeto que deu início a esse trabalho de recuperação desses animais foi financiado pelo grupo Orient-Express através de um convenio firmado entre o grupo inglês e o ICMBio em 2007.  É que o convênio era uma das obrigações assumidas por Orient-Express ao vencer a licitação para administrar o Hotel das Cataratas durante 20 anos.

Falando do Hotel das Cataratas, é também motivo de muita satisfação verificar o sucesso que o hotel vem obtendo e a sua consolidada reputação como sendo um dos melhores hotéis do Brasil.  Quem acompanhou o demorado e complexo processo de licitação; o trabalho de transferir a administração do hotel do grupo Tropical para Orient-Express; e depois o trabalho de renovar completamente o hotel sabe das muitas dificuldades e desafios enfrentados.  E isso sem falar das dificuldades - ainda existentes - no que diz respeito à administração do contrato de concessão com a SPU - Secretaria de Patrimônio da União.

Há tempos atrás, escrevi em detalhes sobre como James Sherwood, Fundador do grupo Orient-Express, veio a se interessar pelo Hotel das Cataratas e como a sua característica determinação resultou na aquisição do contrato de arrendamento do hotel. Se alguém quiser saber mais sobre esse assunto basta procurar nos arquivos desse blog.  Vejo, também com satisfação, que o sucesso que o hotel alcançou não de limitou somente ao hotel.  Seu primeiro Diretor Geral na época do Orient-Express, Celso Valle, que lá permaneceu por 8 anos, hoje é o Diretor Geral do mais luxuoso e badalado hotel de São Paulo, o Palácio Tangará.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Novidades

Já que se passaram mais de 4 anos desde a minha última postagem neste blog, resolvi fazer um pequeno "update", até para manter o blog ativo. Nesses últimos anos o blog teve mais de 13.000 acessos, curiosamente, a maioria sendo dos Estados Unidos, mas seguido de perto por Brasil.  Na totalidade teve acessos de quase 100 países diferentes.

Nesses últimos anos tenho me mantido razoavelmente ocupado através da minha empresa de consultoria, Carruthers Consulting, que tem realizado diversos trabalhos relacionados a hotelaria.  Consequentemente tenho me mantido a par do andamento do mercado hoteleiro carioca, e, principalmente, das dificuldades enfrentadas pela hotelaria nestes dois últimos anos.  

Quando me lembro da nossa euforia e alegre no momento que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos em outubro de 2009, e quando vejo os resultados dos últimos dois anos, é impossível sentir uma decepção maior.  Em 2009, estávamos convencidos que a oportunidade de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, apenas dois anos após a realização da Copa do Mundo em 2014 seria a consolidação definitiva da imagem da cidade do Rio de Janeiro como um destino turístico de classe mundial, e uma garantia de sucesso continuo por mais 20 anos.

Em vez disso, vejo a hotelaria carioca atravessando uma das piores e mais prolongadas crises de sua história, com vários hotéis fechados e outros a beira da falência.  Me entristece, particularmente, saber da recuperação judicial de Hotéis Othon, a casa que, em boa parte, me formou para a hotelaria, e permitiu que eu tivesse a carreira que tive.  O fechamento de dois dos seus hotéis mais icônicos, o Bahia Othon Palace e o Belo Horizonte Othon Palace - ambos eu tive o privilegio de gerenciar na década de '70 quando eles estavam no auge do seu sucesso - também entristece.

Quanto ao Copacabana Palace, não obstante ao fato que continuo mantendo um excelente e carinhoso relacionamento com a diretora, Andrea Natal, além de outros executivos, não posso deixar de perceber que eu tive a sorte de ter estado lá no melhor período possível, quanto pertencia ao grupo Orient-Express que tinha um dono carismático e poderoso na pessoa de James Sherwood no comando.  Sherwood não era perfeito, mas, na minha opinião, era muito melhor trabalhar para ele do que para a fria estrutura corporativa que o sucedeu. Hoje eu vejo uma companhia muito diferente de Orient-Express, chamado Belmond, que é uma empresa publica, sem um único dono, cheio de normas e controles centrais, usando sempre os mesmos "buzz- words" da moda para descrever sua evolução, e que agora mesmo está conduzindo um "strategic review" nos destinos da companhia,  o que significa que está considerando a venda da companhia como um todo, ou até alguns hotéis separadamente. 

Enfim, a vida passa e as coisas mudam.  Apesar de tudo, não sou tão pessimista quanto ao futuro.  Vejo, por exemplo, um início de uma recuperação no movimento nos hotéis cariocas. É uma recuperação ainda tímida, mas já é alguma coisa positiva.  O novo governo tem citado o turismo como uma atividade importante para a retomada da economia e o crescimento da oferta de empregos, assim como o novo governador.  Para que o turismo dê certo é imprescindível, como certamente todos já estão cansados de saber, que a primeira coisa que tem que acontecer é uma melhora sensível na segurança pública.  Não haverá futuro para o turismo na cidade sem resolver a questão de segurança pública, isso é muito óbvio!

Daqui para frente pretendo dar continuidade a esse blog, emitindo opiniões sobre hotelaria e turismo em geral sempre que considero oportuno.  Agradeço o apoio recebido dos meus leitores assíduos, e fico grato em receber quaisquer críticas e/ou comentários sobre o conteúdo das postagens.