Nesses últimos anos tenho me mantido razoavelmente ocupado através da minha empresa de consultoria, Carruthers Consulting, que tem realizado diversos trabalhos relacionados a hotelaria. Consequentemente tenho me mantido a par do andamento do mercado hoteleiro carioca, e, principalmente, das dificuldades enfrentadas pela hotelaria nestes dois últimos anos.
Quando me lembro da nossa euforia e alegre no momento que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos em outubro de 2009, e quando vejo os resultados dos últimos dois anos, é impossível sentir uma decepção maior. Em 2009, estávamos convencidos que a oportunidade de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, apenas dois anos após a realização da Copa do Mundo em 2014 seria a consolidação definitiva da imagem da cidade do Rio de Janeiro como um destino turístico de classe mundial, e uma garantia de sucesso continuo por mais 20 anos.
Em vez disso, vejo a hotelaria carioca atravessando uma das piores e mais prolongadas crises de sua história, com vários hotéis fechados e outros a beira da falência. Me entristece, particularmente, saber da recuperação judicial de Hotéis Othon, a casa que, em boa parte, me formou para a hotelaria, e permitiu que eu tivesse a carreira que tive. O fechamento de dois dos seus hotéis mais icônicos, o Bahia Othon Palace e o Belo Horizonte Othon Palace - ambos eu tive o privilegio de gerenciar na década de '70 quando eles estavam no auge do seu sucesso - também entristece.
Quanto ao Copacabana Palace, não obstante ao fato que continuo mantendo um excelente e carinhoso relacionamento com a diretora, Andrea Natal, além de outros executivos, não posso deixar de perceber que eu tive a sorte de ter estado lá no melhor período possível, quanto pertencia ao grupo Orient-Express que tinha um dono carismático e poderoso na pessoa de James Sherwood no comando. Sherwood não era perfeito, mas, na minha opinião, era muito melhor trabalhar para ele do que para a fria estrutura corporativa que o sucedeu. Hoje eu vejo uma companhia muito diferente de Orient-Express, chamado Belmond, que é uma empresa publica, sem um único dono, cheio de normas e controles centrais, usando sempre os mesmos "buzz- words" da moda para descrever sua evolução, e que agora mesmo está conduzindo um "strategic review" nos destinos da companhia, o que significa que está considerando a venda da companhia como um todo, ou até alguns hotéis separadamente.
Enfim, a vida passa e as coisas mudam. Apesar de tudo, não sou tão pessimista quanto ao futuro. Vejo, por exemplo, um início de uma recuperação no movimento nos hotéis cariocas. É uma recuperação ainda tímida, mas já é alguma coisa positiva. O novo governo tem citado o turismo como uma atividade importante para a retomada da economia e o crescimento da oferta de empregos, assim como o novo governador. Para que o turismo dê certo é imprescindível, como certamente todos já estão cansados de saber, que a primeira coisa que tem que acontecer é uma melhora sensível na segurança pública. Não haverá futuro para o turismo na cidade sem resolver a questão de segurança pública, isso é muito óbvio!
Daqui para frente pretendo dar continuidade a esse blog, emitindo opiniões sobre hotelaria e turismo em geral sempre que considero oportuno. Agradeço o apoio recebido dos meus leitores assíduos, e fico grato em receber quaisquer críticas e/ou comentários sobre o conteúdo das postagens.
Ótima análise. Grande abraço
ResponderExcluirVisita da Espanha e sempre te acompanhando :-)
ResponderExcluirSr Philip, o senhor sempre muito sensato!
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