Voltando um pouco na história das reformas do Copacabana Palace, a
construção do luxuoso Spa do Copa, realizado ao longo do ano de 2007 e
inaugurado no ínicio de 2008, permitiu a transferência do Fitness Center do
local que ocupava ao lado da piscina para o espaçoso sub-solo do prédio do
Spa. Esta transferência do Fitness
Center abriu a oportunidade para revindicamos a volta do outrora famoso “Bar
do Copa”, que havia sido extinto desde 1991, quando se criou o novo corredor de
acesso ligando o prédio principal à piscina, e dos banheiros sociais que atendem
ao restaurante Pérgula. Desde então, o
Copa não tinha tido um tradicional bar de hotel, embora quem quisesse tomar um
drink tinha a opção de utilizar a área externa da Pergula, ao lado da piscina.
A abertura do restaurante Cipriani em 1994, com um bar acoplado ao restaurante supriu
parcialmente esta falta, mas alguns clientes ainda reclamava da falta de um bar
tradicional. O maior problema que
tínhamos para realizar este desejo era de convencer James Sherwood que um bar
poderia ser rentável. Por alguma
estranha razão, o Sherwood estava convencido que todos os bares de hotéis eram
deficitários, e era muito difícil convencê-lo do contrário. Por sorte, um ano antes, o hotel do
Orient-Express em Cape Town, o Mount Nelson, havia montado um moderno
“champagne bar” que tinha virado um grande sucesso na cidade, atraindo para o
mais tradicional hotel da cidade um público mais jovem. Foi justamente utilizando o exemplo bem
sucedido do Mount Nelson que conseguimos convencer Sherwood que um novo Bar no Copa seria viável, e assim
o projeto foi adiante. Como sempre
acontecia nos projetos de reforma, foi o Sherwood que pessoalmente determinou quem
seria o decorador responsável pelo projeto, e ele indicou Graham Viney, o mesmo
decorador sul-africano que havia projetado o Bar do Mount Nelson. Estavamos em junho de 2007, e o Sherwood
estava há poucos dias de deixar o comando do grupo, portanto o Bar do Copa
acabou sendo o ultimo projeto do grupo Orient-Express diretamente influenciado
por ele. Mesmo com o sinal verde de
Sherwood, ainda havia um caminho longo pela frente até definir todos os
detalhes do projeto e obter as licenças da prefeitura e do patrimônio
histórico, mas finalmente as obras foram iniciadas em meados de 2008, e
concluídos no primeiro trimestre de 2009.
Quando o Bar do Copa abriu para o público, era de longe o mais
sofisticado e requintado bar da cidade.
Com um investimento de R$4 milhões, e decoração arrojada, ocupava um
espaço de aproximadamente 250 metros quadrados.
Um dos pontos altos da decoração foi o teto com milhares de lâmpadas led
que imitavam as estrelas no céu do hemisfério sul, mas o que mais chamava
atenção era o enorme balcão de mosaico de vidrotil dourado com tampo de ônix
iluminado, que ocupava toda o parede de fundo do local. Além disso, haviam pilares iluminados que mudava de cor, lustres sputnik, e um tratamento acústico com estrutura box-in-box. O requinte não ficava limitado à decoração,
pois toda o material operacional, dos copos aos talheres aos uniformes dos
funcionários – estes escolhidos à dedo – eram de linhas exclusivos. O cardápio de drinques era também
sofisticado, com os drinques levando os nomes de personalidades que haviam se
hospedado no hotel, como Rita Hayworth, Brigitte Bardot, Carmen Miranda, Mick
Jagger, etc. Havia também um cardápio
de tapas preparadas especialmente pelo famoso Chef do Cipriani, Francesco
Carli, e servidos em pratos dourados que combinava com a decoração. Havia também uma programação musical, com
apresentações de shows com artistas brasileiros e ocasionalmente estrangeiros,
e após meia-noite, entrava um DJ com música mecânica para dançar. O objetivo era de atrair um público refinado,
primordialmente na faixa etária entre 35 e 55 anos de idade, além dos hóspedes
do hotel. Na prática, não foi nada disso
que aconteceu. Após cinco ou seis meses
de funcionamento, e não obstante todos os esforços promocionais agendados, já
tínhamos a clara visão que o público alvo não iria atender às nossas
expectativas. Em contrapartida, o
público jovem, com idade inferior a 25 anos, passou a lotar a casa,
principalmente nos finais de semana. É
claro que este público jovem não estava muito interessado em ouvir boa música
popular brasileira ao vivo, e nem tomar drinques sofisticados, eles vinham para
dançar e ouvir os DJ’s da moda tocar os últimos sucessos, e tomar vodka com Red
Bull, para animar a noite. Não era nada
disso que queríamos, mas por um outro lado, precisávamos recuperar o
investimento feito na construção do Bar, e resolvemos re-estruturar todo o
funcionamento do Bar, que passou a funcionar basicamente de quinta-feira a
sábado, de meia-noite às 5 horas da manha, para um publico essencialmente
jovem, que pagava ingressos na porta para entrar. Embora distante do nosso “business plan”,
este modelo de funcionamento demonstrou ser altamente lucrativo, de modo que já
em 2011 haviamos recuperado todo o investimento inicial. Foi quando comunicamos à matriz da companhia
em Londres que teríamos de encontrar uma nova função para o Bar do Copa, que em
vez de ser um sofisticado lounge bar para ouvir boa música brasileira havia se
transformado numa casa noturna para quase-adolescentes, criando um conflito
insolúvel com a marca Copacabana
Palace. O Bar da Copa, para alívio de
muitos na direção do hotel, finalmente fechou as portas para o público no
início de 2013, para dar lugar às obras de instalação do restaurante pan-asiático
Mee, inaugurado em fevereiro de 2014.
Pode ser que o novo restaurante não seja tão movimentado quanto foi o
Bar do Copa, e possivelmente nem tão lucrativo também, mas certamente tem muito mais a ver
com o público que frequenta o Copacabana Palace. E quanto a um tradicional Bar para o Copa, será que o James Sherwood tinha razão desde o começo?