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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Hotel Maksoud Plaza

Li, com muita tristeza, sobre o fechamento esta semana do icônico hotel paulista, o Maksoud Plaza. Para quem, como eu, teve a sorte de conhecer o Maksoud Plaza no auge do seu esplendor na década de 1980, é um final trágico para um hotel que marcou uma época gloriosa na história da hotelaria nacional. Curiosamente, o Maksoud Plaza tinha muito coisa em comum com um outro ícone da hotelaria nacional, o Rio Palace, hotel que tive o privilégio de dirigir antes de me mudar para o Copacabana Palace em 1989. Ambos os hotéis foram inaugurados em 1979, ambos eram os melhores hotéis nas suas respectivas cidades, ambos tinham em torno de 415 apartamentos, ambos eram bem sucedidos, ambos eram associados ao prestigioso organização "Leading Hotels of the World", e ambos pertenciam a conglomerados nacionais liderados por personagens marcantes, o Henry Maksoud em São Paulo e José Carlos Ourivio no Rio de Janeiro. Estive hospedado no Maksoud em inúmeros ocasiões, mas a recordação mais viva que tenho do hotel foi por ocasião da realização da convenção anual do "Leading Hotels of the World" que foi realizado no Brasil no ano de 1986. O evento reunia cerca de 250 Proprietários e Diretores Gerais dos principais hotéis do mundo, acompanhados pelas suas esposas, e mais todos os principais executivos do "Leading". Coube aos hotéis brasileiros associados ao "Leading" a responsibilidade de organizar o evento. No Brasil, haviam apenaa quatro hotéis associados, o Maksoud Plaza, o Rio Palace, e os dois Caesar Park, um em São Paulo e o outro no Rio de Janeiro. A comissão organizadora então era formado por mim, por Roberto Maksoud, filho de Henry, que estava à frente do Maksoud Plaza, e Chieko Aoki, que respondia pelos dois Caesar Park, e ainda contavamos com a ajuda inestimável de um vice-presidente da "Leading" radicado no Brasil, Michael Parry. Organizar um evento dessa natureza nunca é fácil, mas esta tinha um complicador à mais pelo fato que metade da reunião aconteceria em São Paulo, e a outra metade no Rio de Janeiro. Depois de muita discusão, definiu-se que a primeira parte do evento seria realizado em São Paulo, e a segunda parte no Rio. Para encerrar a etapa paulista, Roberto insistiu em oferecer um cocktail/jantar inteiramente custeado pelo Maksoud, e contratou a cantora mais famosa do Brasil na época, Gal Costa, para apresentar um show. Acontecia que no dia do jantar, Gal Costa chegaria no Brasil num vô0 vindo de Los Angeles e o combinado foi que ela iria diretamente do aeroporto se hospedar no Maksoud. A chegada dela estava prevista para as 9 horas da manha, mas devido ao um atraso só chegou no hotel ao meio-dia, e foi logo avisando que só entraria em cena após 12 de descanso. Roberto ficou desesperado e tentou convencer-la a reduzir o tempo de descanso, mas sem exito. O jeito então foi esticar o cocktail e o jantar o mais tempo que podia. O cocktail estava marcado para começar as 19 horas e durar uma hora, antes de servir o jantar. Roberto conseguiu esticar o cocktail até quase 21.30h, mas a consequencia disso foi que os convidados haviam ingerido muito mais bebida alcolica que o normal. Acresenta a isso os ótimos vinhos servidos no jantar, que incluia o famoso vinho de sobremesa hungaro o Tokaji, quando chegou a hora de Gal se apresentar, 80% dos convidados estavam caindo pelas tabelas, e muitos levantaram e foram dormir. O show da Gal durou uma hora e meia, mas no final havia poucas pessoas ainda assistindo. Não obstante este contra-tempo, devoregistrar que a Convenção como um todo foi considerado um grande sucesso, e contribuiu muito positivamente para engrandecer a imagem da hotelaria brasileira entre um público exigente e conhecedor, e que trouxe muitos beneficios futuros para todos os quatro hotéis brasileiros associados ao "Leading".