A minha ida para o Rio Palace em 1983 representou um grande avanço na minha carreira e sem duvida me colocou imediatamente no “primeiro time” da hotelaria brasileira. O hotel pertencia ao grupo Veplan, muito conhecido na época, e havia sido construído com muito luxo e requinte (por um custo de aproximadamente US$120 milhões em dinheiro de hoje) como o intuito de ser um dos melhores e renomados hotéis do pais. O hotel havia sido inaugurado no final de 1979, e logo se tornou muito conhecido por ser o local em que Frank Sinatra se apresentou quando veio para Brasil no começo de 1980. O primeiro Gerente Geral do Hotel foi um austríaco, Hans Oppacher, que havia trabalhado no Sheraton. Era um grande hoteleiro, com grande conhecimento das áreas operacionais do hotel, mas extremamente exigente e disciplinador. Apesar disso, os resultados financeiros do hotel não eram bons e em 1981 o José Carlos Ourivio nomeou o jornalista e homem de marketing, Sérgio Rego Monteiro como Diretor Geral, com o intuito de melhorar o desempenho comercial do hotel. O Sérgio então assumiu a direcao do hotel e foi responsável por uma serie de mudanças e inovacoes na área de vendas e marketing, e no final de 1982 contratou um novo gerente-geral, Álvaro Rodrigues, para tocar o dia a dia do hotel, com Sérgio permanecendo como Diretor Geral do Hotel. O novo gerente geral era da Colômbia, e vinha da cadeia do Intercontinental na Republica Dominicana. Simpático, e agregador, o Álvaro era especializado na área de vendas e marketing, e e difícil imaginar um contraste maior entre o estilo de gestão linha dura e quase ditatorial do Hans Oppacher e a politica de "laissez-faire" do Álvaro Rodrigues. De qualquer forma, logo depois da vinda do Álvaro, o Sérgio Rego Monteiro deixou o grupo Veplan para assumir a Superintendencia do Jornal do Brasil, e o próprio Álvaro decidiu retornar para o grupo Intercontinental antes de completar um ano no cargo. Do total de dez meses que Álvaro permaneceu no cargo, certamente 50% desse tempo foi gasto com viagens comerciais para o exterior. Quando cheguei no Rio Palace encontrei uma estrutura de organização muito diferente de que eu estava habituado, e nao demorou muito para eu perceber que teria que fazer alteracoes, tanto na estrutura organizacional, como também no quadro gerencial. O hotel era grande e complexo – alem dos 415 apartamentos, havia dois restaurantes, um deles o Pré-Catelan, ainda com contrato com Gaston Lenotre, grandes áreas para eventos, e ainda tinha o Club Castel, que funcionava como um clube prive. Tinha ao todo mais de 750 funcionários. Aos poucos, fui fazendo as mudanças que eu achava necessárias. Mudei o organograma do hotel para um modelo hoteleiro tradicional e trouxe dois ou três profissionais da minha confianca que haviam trabalhado comigo em outros hotéis, e afastei alguns gerentes que nao se enquadravam no perfil necessário. Com isso fui formando uma equipe coesa, comprometida com os resultados, e motivada. Depois de uns seis meses, os resultados estavam começando a aparecer, e um dia Ourivio me chamou ao seu escritório no centro e me disse “Estou nomeando você diretor estatuário da Veplan Hotéis e Turismo”, e completou , “e a partir de agora você desfrutara de todos os benefícios e privilegios como os demais diretores do grupo, e nenhum outro diretor do grupo terá qualquer ingerência nos assuntos do Rio Palace” Se teve momentos decisivos na minha carreira, isso foi sem duvida um deles. A partir daquele momento passei a ter uma grande autonomia na condução nos negócios do hotel, me reportando apenas para José Carlos Ourivio. Como sempre, a sorte também me ajudava, pois a partir de 1984 o mercado hoteleiro carioca começou a melhorar, e consequentemente os resultados financeiros do Rio Palace também.
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