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domingo, 1 de janeiro de 2012

Ricos e Famosos

As vantagens de estar a frente de um grande e bem-sucedido  hotel cinco estrelas, como era o Rio Palace, eram muitas.  Alem de permitir uma realizacao profissional,  ainda servia para me projetar no cenário hoteleiro, tanto no Brasil como no exterior, isto devido a boa imagem que o hotel desfrutava na organizacao do “Leading Hotels of the World”.  Alem disso, “estar no lugar certo na hora certa” também permitia encontros com celebridades mundiais, desde Chefes de Estado e  membros da realeza europeia, ate astros consagrados de Hollywood.  Me recordo de um jantar no Restaurante Pre-Catalan com o lendário ator americano James Stewart, que apesar de toda a sua fama, demonstrou uma grande simpatia com todos.  Outro memorável encontro foi com Jane Fonda, a atriz, e ativista politica americana, que esteve no Brasil promovendo seu mais recente filme.   Acontece que eu acompanhava Jane Fonda desde que eu havia assistido a sua estreia no cinema no filme “Tall Story” em 1960, quando ela desempenhou um papel de “cheerleader”, contracenando com o ator Anthony Hopkins.  A maioria das pessoas só conheciam Fonda desde a sua participacao no filme Barbarella, em 1968, e sua posicao contra a guerra de Vietnam na década de ’70, portanto quando eu disse a ela, durante o cocktail promovido pela distribuidora,  que eu me lembrava dela em “Tall Story”, ganhei mais alguns minutos de atencao da estrela, para o desespero dos muitos outros que tambem disputavam a sua atencao.

Sem duvida, entretanto, a mais dramática visita foi da Princesa Anne,  de Grã-Bretanha, em 1987.  A visita havia transcorrida tranquilamente mas no dia de sua partida, a Policia Federal avisou a comitiva que havia surgida a informacao que poderia haver uma tentativa de sequestro da Princesa por parte da organizacao criminosa Comando Vermelho, que utilizaria a Princesa como refém na troca da libertacao de um dos seus fundadores, o temido bandido conhecido como Escadinha.  O Escadinha já havia sido protagonista de um uma fuga espetacular, de helicóptero, do presidio de segurança máxima na Ilha Grande, e a Policia Federal avisou que a ameaça deveria ser levado  a serio.  Tomou-se então uma serie de providências.  Primeiro, buscou um carro blindado,  mas o carro blindado do Embaixador se encontrava em Brasília, e não chegaria a tempo.  Descobriu então que o Cônsul Geral americano no Rio dispunha de um carro blindado, e este concordou em ceder-lo para a comitiva britânica.  Decidiu ainda que o automóvel Jaguar, que ate então tinha servido a Princesa, seria mantido no comboio oficial, mas com uma “voluntaria” inglesa da Embaixada fazendo a papel da Princesa, inclusive usando um grande chapéu que praticamente encobria o seu rosto.  Outa decisão tomada foi de não sair pela porta principal do hotel, e sim desviar na ultima hora para o acesso que o hotel  tinha para o Shopping Casino Atlântico e embarcar no carro blindado na Av. N.S. de Copacabana.  O trafego de carros pela Av N.S.de Copacabana seria interrompido, e a Princesa sairia pela conta-mão, ate atingir a rua Francisco Otaviano, e em seguida a Avenida Atlântica.  Foi tudo cronometrado para que o fechamento da rua, e a chegado do carro blindado aconteceria na exata hora em que a Princesa chegasse na calcada da Av.N.S. de Copacabana.  O meu papel, neste plano, era de acompanhar a Princesa, desde a sua saída da suite Presidencial, ate seu embarque no automóvel.  Tudo correu bem ate chegamos na calcada, e nada de automóvel!  Ficamos parados uns 30 segundos - que parecia uma eternidade - ate finalmente o automóvel virar a esquina, e estacionar defronte da Princesa.  Na sua ansiá de chegar, entretanto, o motorista tinha parado o carro defronte de um fradinho, e não dava para abrir a porta do carro.  O jeito foi da Princesa andar no meio da rua e acessar o carro pelo outro lado.  O olhar que ela dirigiu ao seu detetive particular nesta hora foi inesquecível.  Enquanto isso acontecia, os poucos transeuntes desavisados que andavam pela rua eram cacadas por policiais com cacetetes e corriam por todos os lados sem entender nada, na maior confusão.

No final, tudo deu certo.  Não houve tentativa de sequestro, e todos se salvaram, mas se a cena da partida tivesse sido filmada, pareceria mais com um episodio do “Keystone Cops” do que uma operacao de contra-sequestro, organizado pelo “Scotland Yard".

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