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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Obras e Mais Obras


Terminada a agitacao do Rio-92, o hotel  voltou a sua rotina normal, mas o movimento continuava fraco e as reformas não saiam do papel, por falta de financiamento.  O decorador francês, Gerard Gallet, havia terminado seu “master plan” da reforma, mas o orçamento para executar-lo era astronômico, muito acima dos valores vislumbrados inicialmente por James Sherwood, o Chairman do grupo.  Sucedeu então uma serie de discussões com os projetistas, e  isto resultou numa grande reunião em Londres com a presença do Sherwood quando a empresa contratada para administrar a reforma, Bovis International, fez um detalhado relato demonstrando as falhas no projeto de Gallet e sugerindo modificacoes que reduziriam substancialmente os custos da pretendida reforma, sem prejuízo para a qualidade ou requinte que se pretendia alcançar.  Não adiantou nada.  Sherwood ficou furioso com a tentativa de modificar um projeto no qual ele mesmo havia tido um grande “input” e o único resultado concreto da reunião foi a destituicao da Bovis como “project managers”, e a nomeacao de novos executivos do grupo para tocar a reforma do hotel.  Ate então, os responsáveis pelo investimento nas reformas eram os executivos da Sea Containers , já que o hotel pertencia ao Sea Containers, mas apos esta reunião Sherwood encarregou os executivos do Orient-Express de cuidar diretamente da reforma, e determinou que as obras se iniciassem com recursos próprios, começando pelo quinto andar do prédio principal. A ideia era de começar pelo quinto andar e depois de vir descendo andar por andar ate completar todo o prédio principal, já que o andar mais alto – o sexto - era ocupado por apenas dois apartamentos – a Suite Presidencial, e a residencia de Dna. Mariazinha Guinle, que pagava um aluguel anual de US$80mil para continuar morando no hotel  apos a vendo  para Sea Containers em 1989.  A nova equipe contratou então um novo “Project Manager”, desta vez uma empresa brasileira, e apos um processo de licitacao, entregou a primeira fase da obra a construtora OAS, e a reforma dos apartamentos finalmente começaram.   A reforma do quinto andar não se tratava propriamente de uma reforma, a palavra reconstrucao seria mais apropriada.  Isso porque dentro das modificacoes pretendidas era a ampliacao do tamanho dos banheiros, que chegavam a ter o dobro e, em alguns casos, ate o triplo do tamanho original.  Isso obrigava a um novo arranjo de todos os espaços, e o resultado e que o quinto andar teve todos os paredes internos demolidos.  Me recordo visitando as obras nesta ocasião e constatando que do antigo andar somente ficou as colunas e os pilares!  Neste trabalho inicial constatou problemas na estrutura do prédio e isso resultou na necessidade de fazer um reforço em toda a estrutura, obviamente encarecendo todo o trabalho.  Mesmo assim, apos vários meses de trabalho, o novo quinto andar foi tomando forma.  O contraste com o resto do hotel não poderia ser maior, tanto quanto diz respeito ao estilo da decoracao, como no luxo, modernidade, e tamanho dos novos banheiros.  Para diferenciar-lo do resto do hotel, o andar foi designado o “andar executivo”, ou “concierge floor”, e passou a ter preços diferenciados em relacao ao resto do hotel. Havia também um “business lounge” no andar que servia tanto como um business center e a noite servia canapés e drinks gratuitamente para os hospedes daquele andar.  Logo apos o andar ter ficado pronto ocorreu um fato triste, que teve consequencias importantes no rumo das reforma do hotel, que foi o falecimento, em abril de 1993, de Dona Mariazinha Guinle, viúva do Fundador do hotel, Octávio Guinle, e moradora do sexto andar.  O falecimento de Dona Mariazinha abriu perspectivas para uma ampla reforma do sexto andar, e James Sherwood incumbiu Gallet de desenvolver um projeto de reforma e ampliacao daquele andar.  No final, Gallet produziu um projeto que contemplava a construcao de onze suites de luxo, sendo seis deles de frente com vista para a Avenida Atlântica, uma delas lateral com frente para a Rua Rudolfo Dantas, e quatro de fundos, com vista para o prédio do Teatro.  Compunha o conjunto uma piscina privativa, com uso restrito para quem estivesse hospedado no sexto andar.  O custo dessa obra foi astronômico, suficiente para reformar os quatro andares do hotel que ainda não tinham sido reformados, mas o Sherwood preferiu apostar no sucesso do sexto andar, e mandou executar o projeto.  Mais tarde, com os custos crescendo cada vez mais, decidiu limitar as novas suites aos seis frente mar e o lateral para Rodolfo Dantas, num total de sete unidades, sendo os quatro restantes pendentes para o futuro.  Mesmo hoje, quase 20 anos passados, e mesmo apos esta ultima reforma do prédio principal, recém concluído, esses quatro suites ainda continuam pendentes. Apesar de tudo, mesmo considerando o custo exorbitante para construir-lo, o sexto andar foi um grande sucesso, pois proporcionou ao hotel instalacoes espetaculares que permitiu receber Reis, Rainhas, Presidentes, Astros de Hollywood, e celebridades diversos, alem de pessoas normais celebrando ocasiões especiais numa ambiente iniqualavel.  Alem disso, criou uma imagem positiva do hotel que serviu para divulgar o nome do hotel, mesmo que boa parte do hotel ainda nao apresentava condicoes dignas da fama e reputacao do hotel.


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