Terminada a agitacao do Rio-92, o
hotel voltou a sua rotina normal, mas o
movimento continuava fraco e as reformas não saiam do papel, por falta de
financiamento. O decorador francês, Gerard
Gallet, havia terminado seu “master plan” da reforma, mas o orçamento para
executar-lo era astronômico, muito acima dos valores vislumbrados inicialmente
por James Sherwood, o Chairman do grupo.
Sucedeu então uma serie de discussões com os projetistas, e isto resultou numa grande reunião em Londres
com a presença do Sherwood quando a empresa contratada para administrar a
reforma, Bovis International, fez um detalhado relato demonstrando as falhas no
projeto de Gallet e sugerindo modificacoes que reduziriam substancialmente os
custos da pretendida reforma, sem prejuízo para a qualidade ou requinte que se
pretendia alcançar. Não adiantou
nada. Sherwood ficou furioso com a
tentativa de modificar um projeto no qual ele mesmo havia tido um grande “input”
e o único resultado concreto da reunião foi a destituicao da Bovis como “project
managers”, e a nomeacao de novos executivos do grupo para tocar a reforma do
hotel. Ate então, os responsáveis pelo
investimento nas reformas eram os executivos da Sea Containers , já que o hotel
pertencia ao Sea Containers, mas apos esta reunião Sherwood encarregou os executivos
do Orient-Express de cuidar diretamente da reforma, e determinou que as obras
se iniciassem com recursos próprios, começando pelo quinto andar do prédio
principal. A ideia era de começar pelo quinto andar e depois de vir descendo
andar por andar ate completar todo o prédio principal, já que o andar mais alto
– o sexto - era ocupado por apenas dois apartamentos – a Suite Presidencial, e a
residencia de Dna. Mariazinha Guinle, que pagava um aluguel anual de US$80mil
para continuar morando no hotel apos a
vendo para Sea Containers em 1989. A nova equipe contratou então um novo “Project
Manager”, desta vez uma empresa brasileira, e apos um processo de licitacao,
entregou a primeira fase da obra a construtora OAS, e a reforma dos
apartamentos finalmente começaram. A
reforma do quinto andar não se tratava propriamente de uma reforma, a palavra
reconstrucao seria mais apropriada. Isso
porque dentro das modificacoes pretendidas era a ampliacao do tamanho dos
banheiros, que chegavam a ter o dobro e, em alguns casos, ate o triplo do
tamanho original. Isso obrigava a um
novo arranjo de todos os espaços, e o resultado e que o quinto andar teve todos
os paredes internos demolidos. Me
recordo visitando as obras nesta ocasião e constatando que do antigo andar
somente ficou as colunas e os pilares!
Neste trabalho inicial constatou problemas na estrutura do prédio e isso
resultou na necessidade de fazer um reforço em toda a estrutura, obviamente
encarecendo todo o trabalho. Mesmo
assim, apos vários meses de trabalho, o novo quinto andar foi tomando
forma. O contraste com o resto do hotel
não poderia ser maior, tanto quanto diz respeito ao estilo da decoracao, como
no luxo, modernidade, e tamanho dos novos banheiros. Para diferenciar-lo do resto do hotel, o
andar foi designado o “andar executivo”, ou “concierge floor”, e passou a ter
preços diferenciados em relacao ao resto do hotel. Havia também um “business
lounge” no andar que servia tanto como um business center e a noite servia
canapés e drinks gratuitamente para os hospedes daquele andar. Logo apos o andar ter ficado pronto ocorreu
um fato triste, que teve consequencias importantes no rumo das reforma do
hotel, que foi o falecimento, em abril de 1993, de Dona Mariazinha Guinle,
viúva do Fundador do hotel, Octávio Guinle, e moradora do sexto andar. O falecimento de Dona Mariazinha abriu
perspectivas para uma ampla reforma do sexto andar, e James Sherwood incumbiu
Gallet de desenvolver um projeto de reforma e ampliacao daquele andar. No final, Gallet produziu um projeto que
contemplava a construcao de onze suites de luxo, sendo seis deles de frente com
vista para a Avenida Atlântica, uma delas lateral com frente para a Rua Rudolfo
Dantas, e quatro de fundos, com vista para o prédio do Teatro. Compunha o conjunto uma piscina privativa,
com uso restrito para quem estivesse hospedado no sexto andar. O custo dessa obra foi astronômico,
suficiente para reformar os quatro andares do hotel que ainda não tinham sido
reformados, mas o Sherwood preferiu apostar no sucesso do sexto andar, e mandou
executar o projeto. Mais tarde, com os
custos crescendo cada vez mais, decidiu limitar as novas suites aos seis frente
mar e o lateral para Rodolfo Dantas, num total de sete unidades, sendo os
quatro restantes pendentes para o futuro.
Mesmo hoje, quase 20 anos passados, e mesmo apos esta ultima reforma do
prédio principal, recém concluído, esses quatro suites ainda continuam
pendentes. Apesar de tudo, mesmo considerando o custo exorbitante para construir-lo, o sexto andar foi um grande sucesso, pois proporcionou
ao hotel instalacoes espetaculares que permitiu receber Reis, Rainhas,
Presidentes, Astros de Hollywood, e celebridades diversos, alem de pessoas
normais celebrando ocasiões especiais numa ambiente iniqualavel. Alem disso, criou uma imagem positiva do hotel que serviu para divulgar o nome do hotel, mesmo que boa parte do hotel ainda nao apresentava condicoes dignas da fama e reputacao do hotel.
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