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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

"Salvo por Wall Street"


Após a conclusão da primeira etapa das obras de reforma, no final de 1996, o Copacabana Palace passou novamente a ter todos seus apartamentos disponíveis para alugar, o que não havia acontecido desde o inicio de 1994.  Embora todos os apartamentos do hotel haviam sidos objetos de algumas melhorias, apenas 30% do total dos apartamentos atendiam a um padrão considerado de luxo de acordo com os próprios padrões do grupo Orient-Express. Isso não deixava de ser um resultado decepcionante, considerando que o hotel já pertencia há sete anos ao grupo Orient-Express, mas, as limitações financeiras do grupo de um lado, e a falta de confiança na viabilidade financeira futura do hotel por outro lado - compreensível após amargurar sete anos de prejuízos operacionais - foram os responsáveis por esta situação.  Contribuiu também a imagem de insegurança que a cidade do Rio de Janeiro desfrutava tanto no mercado nacional como internacional, e a consequente diminuição de turismo de lazer, o carro chefe tanto do grupo Orient-Express como da cidade do Rio de Janeiro. Em 1996, o Copacabana Palace representava uma pesada ônus para o grupo Orient-Express e não faltava quem achasse que a melhor solução seria vendê-lo  na primeira oportunidade.

 Por sorte, a conclusão das obras do hotel coincidiu com uma melhora repentina e inesperada na demanda de hospedagem no Rio de Janeiro, após vários anos de maus resultados na hotelaria carioca, e isso permitiu um crescimento expressivo na taxa de ocupação do hotel, com reflexo imediato nos resultados financeiros.  Este aumento de demanda foi movido quase inteiramente pelo crescimento do mercado corporativo internacional – e mais especificamente, pelos grandes Bancos de Investimento - atraídos pelo sucesso do Plano Real, e do programa de privatizações do Governo do Fernando Henrique Cardoso.  Este aumento de demanda no mercado corporativo durou até o ano de 2001 e permitiu que o hotel apresentasse resultados cada vez melhores, pois não apenas os jovens financistas de Wall Street viajavam constantemente, como gastavam pequenas fortunas em cada viagem. Para se ter uma ideia do impacto desse mercado no movimento do hotel, no ano de 2000, nada menos que 14 dos 20 melhores clientes do hotel eram Bancos de Investimento.  Essa mudança brusca nos resultados do hotel mudou completamente o pensamento do Orient-Express em relação ao futuro do hotel.  Em vez de ser o hotel problema, que atravancava o crescimento do grupo, o Copacabana Palace passou a ser visto como uma grande estrela, capaz de mudar para melhor o próprio destino do Orient-Express. A partir de então, o grupo passou a contemplar novas obras que por fim resultariam num hotel verdadeiramente de categoria de luxo internacional.  Mas antes disso acontecer, ainda teria muita agua a passar debaixo da ponte!

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