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sábado, 13 de agosto de 2011

O Quatro Rodas de Olinda


Chegando no Quatro Rodas de Olinda, encontrei um ambiente completamente diferente daquele do grupo Othon.  Embora o Quatro Rodas não tivesse a estrutura e tradição do Othon, e nem o tamanho, era um grupo muito dinâmico, inovador, e criativo, e com alguns conceitos de administração bastante avançadas para a época.  O grupo pertencia ao Richard Civita, e era fruto da divisão feito no grupo Abril pelo fundador Victor Civita, dividindo o grupo entre seus dois filhos, com a parte editorial ficando com Roberto, e os demais atividades, incluindo hotéis, com Richard.  Embora centralizador por natureza, o Richard havia montado uma boa equipe profissional para dirigir os hotéis.  O diretor-geral era um conhecido hoteleiro francês, Bernard Lefevbre, que havia trabalhado em bons hotéis na Europa, e ainda participado da abertura do Rio Sheraton e do Rio Palace como gerente residente em ambos estes hotéis, antes de assumir o seu posto no Quatro Rodas.  Diferente do Othon, o escritório central era muito pequeno, e isso significava que a autonomia de cada hotel do grupo era muito grande, e o Diretor Gerente de cada um dos hotéis tinha uma responsabilidade muito grande  pelo resultado obtido pela unidade.  No grupo Othon, a politica comercial para cada hotel era determinada pela Diretoria Comercial no Escritório Central, e boa parte do trabalho de vendas e marketing, assim como a responsabilidade pelos resultados obtidos, era concentrado no Escritório Central.  Já no grupo  Quatro Rodas, toda a responsabilidade de definir e depois executar o plano de marketing  cabia a cada hotel, e foi justamente nesta área que eu tinha que me concentrar mais.  Quando cheguei, fazia pouco mais que um ano que o hotel havia sido inaugurado, e a taxa de ocupação ainda estava muito baixa, e  era necessário  fazer um grande esforço para mudar esta panorama.  Ate então, eu tinha tido relativamente pouca experiência na área comercial, mas tudo isso iria mudar nos próximos meses.



Menos de dois meses após ter assumido o cargo, eu já estava viajando para o exterior para participar da minha primeira  viagem de vendas   Justamente participando do Congresso da ASTA (American Society of Travel Agents) – que naquele ano de realizava em Miami, na Florida.  Na época, o congresso da ASTA ainda desfrutava de grande prestigio, e era considerado fundamental participar  na feira de turismo que ocorria junto com o Congresso, caso  quisesse conquistar a cobiçada mercado americano.    A participação neste evento foi um enorme aprendizado para mim, em todos os sentidos, pois foi a partir deste evento  comecei a estabelecer os contactos com agências e operadores importantes, tanto os do Brasil, como do exterior, e aprender como a comercializacao do produto turístico brasileiro funcionava.  O aprendizado não se limitou apenas aos aspectos profissionais da viagem.  Era também a minha primeira viagem para os Estados Unidos, e enfrentei um serie de desafios, típicos de um “marinheiro de primeira viagem”.  O primeiro problema foi chegar ao hotel as 7 horas da manha, e ser informado que o meu apartamento somente seria liberado as 14 horas, sete horas depois!  Depois descobrir que o hotel em que eu estava hospedado, em Key Biscayne, estava distante tanto do local do Congresso como do local da Feira de Turismo, que se realizava em outro local da cidade, e que seria necessário alugar um carro para fazer os deslocamentos.  Foi ai que enfrentei outro problema, que era de não possuir um cartão de credito que  fosse aceito no exterior. Depois de alguma discussão com a locadora, acabei tendo que deixar praticamente todos os meus “travellers cheques” como garantia, mas acabei conseguindo o carro. Foi a primeira vez que eu havia dirigido um carro com cambio automático, e justamente na primeira experiência quase  provoquei um acidente grave no Freeway ao pisar no freio com o pé esquerdo, pensando que era a embreagem!  Finalmente, cheguei no local da feira, procurei o stand do Brasil, e comecei a a organizar nas prateleiras o material promocional que eu havia trazido do Brasil.  Não demorou muito, fui interpelado por uma funcionaria da Embratur,  que me informou que o grupo Quatro Rodas não fazia parte da cooperativa Embratur/Empresas Privadas, que custeava a participação do Brasil na Feira, e portanto eu não poderia expor meu material promocional no Stand.  Eu desconhecia completamente a existência  dessa cooperativa.  Prontifiquei-me a pagar a cota do Quatro Rodas ao voltar para Brasil, mas não houve acordo.  O prazo para o pagamento havia vencido  a funcionaria estava irredutível.  Felizmente, fui salvo por um amigo hoteleiro, o Gerente Geral do Hotel Tropical de Manaus.  Ele me apresentou aos seus colegas da Varig, que havia custeado boa parte do custo do Stand do Brasil, alem de ter fornecido passagens aéreos a preços super-promocionais para toda a delegação brasileira, e eles acabaram me cedendo uma pequena prateleira para eu expor meu material.  Não seria a ultima vez que eu   teria motivos de ficar grato pelo apoio da Varig no esforço de vender o turismo brasileiro no exterior!

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