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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Vôo Charter


Logo depois de voltar ao Brasil depois de participar do Congresso da ASTA, me vi envolvido numa longa e difícil negociação para conseguir trazer a hospedagem da tripulação da British Caledonian para o hotel.  Ate então a tripulação se hospedava num hotel na praia de Boa Viagem,  bem próximo ao aeroporto dos Guararapes.  O Hotel Quatro Rodas ficava em Olinda, bem mais distante, e era necessário um grande trabalho de convencimento para demonstrar que a distancia maior em relação ao aeroporto seria compensado com uma estadia mais agradável.  Alem de convencer a própria companhia, era preciso também convencer os dois sindicatos (dos pilotos e do pessoal de cabine) que a mudança seria benéfico.  A negociação levou meses, mas finalmente acabou sendo bem sucedida.   A tripulação ocupava 30 apartamentos diariamente, e isto sozinho representou um aumento de 15% na ocupação do hotel.  Alem disso, a tripulação da British Caledonian era composta predominantemente de gente jovem e divertida, e sua presença no hotel era motivo de muito alegria.  Logo depois disso, conseguimos fechar a hospedagem do “cabin crew” da Air France, que ocupavam mais 15 apartamentos durante cinco dias da semana, e a partir disso o hotel tinha uma base solida para melhorar seu performance económico, como acabou acontecendo.

Embora o fechamento desses dois negócios fossem importantes para o hotel , em nada se comparariam com o que aconteceu em seguida.   Em Abril de 1983, fui procurado por um operador da Suica que se dizia interessado, junto com um sócio alemão,  em promover um voo charter da Alemanha diretamente para Recife já no próximo verão,  e queria saber se nos pudéssemos ajudar a viabilizar o projeto.  Não entendíamos nada sobre voos charters na época, mas oferecemos  a ajudar no que fosse possível.  Conversei com vários “experts” sobre o assunto, mas todos foram taxativos em dizer que não existia a menor chance do DAC autorizar voos charters da Europa para Recife.  Diziam que isto não interessava a Varig, que desfrutava de grande prestigio dentro do governo, e portanto não iria acontecer.  Apesar das opiniões desanimadores, resolvemos que não custava tentar.  Conseguimos o apoio do então Presidente da Empetur, Helder Lins Teixeira, e através dele, o apoio fundamental do então Governador de Pernambuco, Roberto Magalhães.   Depois de muitas discussões, e muitos percalços, e para grande surpreso de muitos, os voos foram aprovados, e o voo inaugural marcado para dezembro daquele ano.  Com isso, caímos em campo para “vender” os voos e em  Setembro embarquei numa  viagem comercial de três semanas para Alemanha e Suica, visitando todos os principais operadores e agências, com o intuito de trazer mais turistas para o Hotel Quatro Rodas.   Apesar de tudo  senti que ainda havia no mercado alemão uma insegurança se os voos iriam acontecer, ou não, e descobrimos que o próprio escritório da Embratur em Frankfurt, e muito ligado na época a Varig, ainda apostava que os voos seriam cancelados, e divulgavam estas opiniões no mercado alemão.  Felizmente, esses problemas acabaram sendo superados, e foi com um grande emoção que me encontrava em Recife, numa tarde ensolarado de dezembro de 1983,  para assistir o Lockheed Tristar-1011 da LTU, com 276 passageiros a bordo, pousar no aeroporto dos Guararapes em Recife  – o primeiro voo charter da Europa para o nordeste brasileiro.  Eu tinha ido a Recife especialmente para a ocasião, pois já não me encontrava mais no grupo Quatro Rodas.  No dia primeiro de dezembro, eu havia assumido a gerência-geral do Rio Palace, o conceituadissimo e majestosos hotel do posto seis, em Copacabana, no Rio de Janeiro.  Como havia acontecido mais um  “pulo do gato”, na minha carreira hoteleira, eu conto a seguir.

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