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quarta-feira, 20 de julho de 2011

De Volta para Hotéis Othon

        Em meados de 1976, com a venda do Hotel Savaroni cada vez mais próxima, comecei a pensar em dar novos rumos para a minha carreira.  Eu estava ansioso para voltar a atuar na área operacional de hotéis, e achava que um retorno para Hotéis Othon seria a melhor forma de retomar minha carreira.  Contactei a empresa , e após pouco tempo de espera fui informado que meu nome estava sendo considerado para o cargo de Gerente Residente no Bahia Othon Palace, um grande hotel de cinco estrelas que havia sido inaugurado há um ano antes. Fui entrevistado pelo gerente geral do hotel, um cidadão alemão, e tudo parecia caminhar bem, mas na hora da decisão, fui informado que a direcao do Othon no Rio havia optado por promover o gerente do Hotel Lancaster para a vaga na Bahia, e de oferecer  a vaga na gerência do Hotel Lancaster para mim.  Fiquei bastante desapontado na hora, pois a vaga no Bahia Othon era bem mais interessante, mas mesmo assim aceitei a proposta sem pestanejar.  No fundo eu estava muito feliz em poder voltar para Hotéis Othon após três anos de ausência, e embora a gerência do Hotel Lancaster não representava um grande desafio, pelo menos eu estaria de volta ao Rio de Janeiro, e dentro de uma grande empresa hoteleira.  E foi assim, em Setembro de 1976, que deixei Pernambuco para assumir a gerência do Hotel Lancaster, no Rio de Janeiro.  O Hotel Lancaster não era muito diferente que o Hotel Castro Alves, onde eu havia iniciado minha carreira gerencial sete anos antes.  A diferença era que estava localizado na Avenida Atlântica e possuía uma pequena restaurante, diferente do Castro Alves, que só tinha serviço de “Room Service”.  O fato de ser vizinho do conhecido Hotel Ouro Verde, hotel muito conceituado na época também era benéfico, pois qualquer “overbooking” do Ouro Verde beneficiava o Lancaster.   Na verdade, o trabalho não era muito exigente, e os dias passavam com uma certa tranquilidade.  Passei a me dedicar mais na parte comercial, e reservava duas tardes por semana para visitar clientes, principalmente empresas, já que estes eram os principais clientes do hotel.  A “Era Cortez” no Othon havia terminado alguns meses antes do meu regresso para a companhia, e Othon estava num processo de reorganização estrutural após a tempestade provocada pela gestão do Cortez.  Havia uma tendência de minimizar ou eliminar as mudanças introduzidas por Cortez e as pessoas que estavam mais ligadas ao Cortez que ainda permaneciam na empresa vistos com uma certa desconfiança.  Como eu era um “produto”, tanto do velho regime, como do “era Cortez”, eu precisava andar atento.  No inicio de 1977 ocorreu outro fato que reforçava esta ideia.  Recebi  um telefonema do Pablo Belloni, o poderoso gerente-geral do Rio Othon, me convidando para um encontro no seu escritório no Rio Othon.  Fui ate la e depois de conversamos um pouco sobre generalidades, o Belloni me disse que estava planejando fazer algumas mudanças na sua equipe gerencial.  Me disse que havia observado meu trabalho no Hotel Lancaster, e que tinha boas referencias sobre meu desempenho anterior em Hotéis Othon, e terminou por me oferecer  o cargo de gerente residente no Rio Othon.  Era uma oportunidade e tanto, afinal de contas o Rio Othon era o carro chefe da companhia, e Belloni era um gerente-geral competente e respeitado.  Aceitei o convite na hora. Conversamos mais um pouco sobre detalhes do cargo, e desafios que eu teria que enfrentar, e as metas que ele desejava alcançar, e ficou tudo combinado.  Belloni me disse que na semana seguinte ele estava viajando de ferias para Chile (ele era chileno), e que ficaria fora por 30 dias.  Disse-me que durante a sua ausência a diretoria de Hotéis Othon iria oficializar tudo, e designar meu substituto no Hotel Lancaster.  Disse-me que ele esperava que eu  já devia estar no Rio Othon quando ele voltasse de ferias, e pediu que eu mantivesse confidencialidade  sobre a conversa ate a Diretoria fazer a comunicação oficial.  Voltei para casa feliz de vida e fiquei aguardando os acontecimentos.  Os dias foram passando e nada aconteceu, nenhuma comunicação, nada.  Após um mês, Belloni voltou de suas ferias e novamente nada aconteceu, mas passado mais uns quinze dias finalmente  recebi um circular da Diretoria informando da promoção de um outro executivo do grupo para o cargo de gerente residente do Rio Othon.  Nunca cobrei explicacoes do Belloni sobre o ocorrido, e nunca mais ele tocou no assunto comigo.  Na época fiquei novamente desapontado, e passei a acreditar que alguém poderoso no Escritório Central estava vetando meu nome para certas posicoes.  Já tinha sentido isso quando sido preterido na escolha do gerente residente para o Bahia Othon, e novamente agora para o mesmo cargo no Rio Othon, e atribui  isso ao fato  de ter integrado  a equipe do Cortez, quatro anos antes.  Visto em retrospecto entretanto, a visão e outra, e agora acredito que em ambas estas ocasiões  um “anjo da guarda” estava me protegendo,  demonstrando mais uma vez que estar no lugar certo na hora certa e fundamental.   E que tanto o Bahia Othon em 1976, como o Rio Othon em  1977 passaram por um período muito conturbado, com muitas mudanças e troca de pessoal.   Em ambos hotéis, tanto o gerente-geral, como o gerente residente acabaram sendo substituídos, e suas carreiras prejudicadas.    E a decepção de não ir para o Rio Othon durou pouco.  Menos de seis meses depois desse episódio, fui promovido para a gerência geral do Othon Palace em São Paulo, um verdadeiro “pulo do gato”, que acabaria me conduzindo para a linha de frente dos gerentes gerais brasileiros.

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