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terça-feira, 26 de julho de 2011

Salvador da Bahia

         Do ponto de vista pessoal, a qualidade de vida que desfrutamos em Salvador era muito agradável.  Havia diversos gerentes que moravam no hotel, com suas famílias, e o convívio social era muito agradável.  Frequentemente fazíamos passeios de schooner na baía de Todos os Santos, visitando ilhas desertas, e as as vezes ate acampamos nas ilhas.  Fizemos também bons amigos na cidade, e éramos frequentemente convidados para as casas das pessoas, desfrutando da hospitalidade baiana.  Era um tempo que o Estado da Bahia estava investindo pesadamente para desenvolver  o Turismo no Estado, e havia muito apoio dos orgaos do governo para a hotelaria, assim como para o Turismo em geral.  No tempo em que estive na Bahia a cidade de Salvador estava na moda para a classe “A” da sociedade brasileira do Rio e São Paulo, e o hotel desfrutava de uma boa  taxa de ocupação, e com uma clientela sofisticada e exigente, mas que consumia bem, e com isso o hotel conseguia uma boa rentabilidade.  Infelizmente, no inicio de 1979, numa tentativa de conter a inflação, o governo decretou o tabelamento de preços, inclusive de hotéis cinco estrelas.  A partir daquele momento, os preços ficavam congelados, enquanto os custos operacionais, inclusive dos salários, continuava a crescer.  Alem disso, o tabelamento de preços criou um crise de abastecimento sendo necessário pagar um “agio” aos fornecedores para abastecer o hotel.  Com esta situação, a rentabilidade do  hotel caiu vertiginosamente, muito embora a taxa de ocupação continuou boa.  Esse episódio de tabelamento deixou traumas nos hoteleiros que durou décadas.  Terminado o período de tabelamento, todos os hotéis do pais passaram a registrar preços de diárias muito acima dos preços realmente praticadas na Embratur (o registro de preços de diárias era obrigatório), como uma medida de prevenção para o caso de surgir um novo tabelamento de preços.  Esta pratica causou uma distorção no mercado, no que diz respeito ao “preco de tabela”, que ate hoje ainda persiste, em alguns casos.

 Apesar das dificuldades provocada pelo tabelamento de preços, a vida em Salvador seguia com relativa tranquilidade.  Eu gostava do trabalho que vinha realizando e estava feliz na Bahia.  Entre outras vantagens, tínhamos feito amizade com o pessoal da Base Naval de Aratu, o que valeu convites para frequentar eventos e festas ali realizados, alem de poder frequentar a otima praia da Base.  Alem disso, eu tinha voltado a praticar golfe, e frequentava o clube de golfe em Cajazeiras.  Foi então com surpresa, em Outubro de 1979, que  fui chamado para uma reunião no Rio, e informado que haveria alguns remanejamentos de gerentes-gerais dos principais hotéis.  O gerente-geral do Rio Othon estava demissionario e seria substituído pelo gerente geral do Belo Horizonte Othon, e fui  informado que eu deveria substituir-lo em Belo Horizonte.  Não se tratava exatamente de uma promocao, porque os hotéis da Bahia e de Belo Horizonte eram muito similares em tamanho,  e importância dentro da  companhia.  Ponderei com o Diretor que achava prematuro a minha saída naquele momento da Bahia, pois havíamos realizados muitas mudanças, e embora os resultados já eram evidentes,  ainda havia muito mais a fazer.  Eu disse para o diretor que  eu considerava que o meu trabalho na Bahia ainda estava pela metade, já que só tinha um ano e três meses na função, e que deveria permanecer no cargo por mais algum tempo.  O Diretor me ouviu atentamente, mas depois concluiu, “ E, pode ser que você tem razão, mas acontece que não temos outra pessoa que esteja preparado para  assumir em Belo Horizonte, a não ser você, enquanto na Bahia nos temos a oportunidade de contratar o ex-diretor do Hotel Salvador Praia, que e nordestino (de Recife), e tem grande experiência na Bahia.  Ele vai dar continuidade ao seu trabalho”.  E foi assim entao que aconteceu, e o jeito foi eu novamente arrumar minhas malas, desta vez com destino Belo Horizonte.  A minha festa de despedida para os funcionários do hotel na Bahia foi muito emocionante, e também  gratificante, pois centenas de funcionários ficaram enfileirados para me cumprimentar, e me desejar sorte para o futuro. Recebi inúmeros amuletos de presente, que guardo ate hoje, e que tenho certeza me trouxeram muita sorte.  Sai triste da Bahia, pois eu tinha convicção que a minha saída era precipitada, mas orgulhoso pelo trabalho  que havia realizado, e por muitos anos depois considerei que o trabalho que consegui realizar na Bahia foi  o melhor da minha carreira.


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