Total de visualizações de página

domingo, 24 de julho de 2011

De Volta ao São Paulo

        A decepção de não ir para o Rio Othon acabou durando pouco, pois menos de seis meses após este episódio, recebi uma grande promoção ao ser designado gerente-geral do Othon Palace em São Paulo.  Em 1977, o Othon Palace de São Paulo ainda era um grande hotel.  Tinha a classificação de cinco estrelas, e toda a estrutura de um grande hotel, e assumir a gerência-geral desse importante hotel, menos de um ano após regressar para Hotéis Othon demonstrou que a minha carreira estava definitivamente de volta nos trilhos.  Eu tinha acabado de completar 31anos de idade, ainda bastante novo, mas amadurecido pelos acontecimentos dos últimos anos.  Ao chegar no Othon Palace, entretanto, percebi logo que o hotel já não era exatamente o mesmo que eu havia conhecido cinco antes quando eu havia trabalhado la como sub-gerente executivo.  O problema não foi somente a concorrencia representada pela chegada de novos hotéis  -  e haviam vários novos hotéis - mas principalmente pelo deslocamento do “centro” de São Paulo em direcao a Avenida Paulista.  Em consequencia disso, a localização do hotel, antes considerado boa devida a proximidade com o centro financeiro da cidade, passou a ser mal vista, e isto afetava negativamente o movimento do hotel.  Por mais que tentássemos incrementar as vendas, os resultados foram limitados, e quando tínhamos clientes, esses já não eram dos mesmo nível que o hotel tinha antes.  Fomos obrigados a reduzir as diárias e começar a eliminar alguns dos serviços mais sofisticados que o hotel ainda prestava.  Na minha carreira, isto foi a primeira vez que me encontrava na direcao de um hotel “em crise”, e não era uma situação agradável.  O Escritório Central no Rio reclamava dos resultados, mas pouco colaborava com ideias criativas de como o sucesso deveria ser alcançado.  Como as receitas apenas encolhiam, era sobre os custos que tínhamos que nos concentrar, e as lembranças que tenho desse período e de reuniões e mais reuniões para discutir e implementar programas de redução de custos.  Inevitavelmente, isso significava redução de pessoal e eliminação de serviços, e pouco a pouco o hotel ia deixando de ser um verdadeiro hotel de cinco estrelas.  Era, na verdade, o inicio de uma longo periodo de declinio, que lamentavelmente jamais seria revertida ate o hotel finalmente fechar as portas, em 2008, e que veio a reforçar a tese que, em matéria de hotelaria, a localização e crucial. De qualquer maneira, a minha permanência em São Paulo não seria longa. Fazia um ano que estava no hotel quando fui chamado para Rio para uma reunião com o Diretor de Operacoes.  Imaginava que seria mais uma reunião para discutir os resultados do Othon Palace e cheguei no Rio preparado para demonstrar todo o trabalho que havíamos realizado para reduzir os custos operacionais do hotel, mas o assunto não foi esse.  Fui informado que o gerente-geral do Bahia Othon havia pedido demissão e eu fui designado para substituir-lo.  Era outra promoção importante.  O Bahia Othon era um dos hotéis mais importantes da companhia e disputava com o Meridien, o titulo de melhor hotel de Salvador.   Para mim, e para minha família, que agora contava com três crianças pequenas, mudar da Praça Patriarca no frio e poluído centro  de São Paulo, para a praia ensolarado de Ondina, em Salvador, significava uma mudança de agua para vinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário