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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Historias de uma Carreira Hoteleira - Capitulo 10 - O Teste Vocacional

        A ultima fase dessa parte do estagio foi passado no Departamento de Pessoal, onde aprendi todos os procedimentos necessários para as admissões de demissões de funcionários, controles de frequência, de ferias, e toda a burocracia necessária para a confecção da folha de pagamento.  Passei a tomar conhecimento mais detalhada da CLT e acompanhar reclamacoes eventuais na justiça de trabalho.  Fora a parte burocrática, uma outra parte importante do DP era a comunicação com os funcionários.  Naquele tempo, a disciplina era mais rígida, e a filosofia predominante era de “manda quem pode, obedeça quem juizo”.  Consequentemente os funcionários era advertidos, suspensos, ou ate demitidos por justa causa, por falhas mínimas.  Ser chamado ao DP, era quase sempre uma ma noticia, e consequentemente poucos vezes os funcionários procurava voluntariamente o DP para esclarecer qualquer duvida.  Comigo, entretanto, foi uma experiência diferente, porque a maioria de funcionários me conheciam bem e me considerava seus amigos. Consequentemente, muitos me procuravam para resolver seus problemas, e a minha passagem por este setor foi bem produtivo, como o próprio Chefe do setor reconheceu.
      Embora eu ainda era um estagiário, na medida que aumentava meus conhecimentos das diversas tarefas do setor o Chefe do Escritório passou a me considerar um espécie de coringa, apto a cobrir eventuais faltas de ouros funcionários, como muitas vezes acontecia.  Consequentemente, varias vezes minha programa de estagio foi alterado ou suspenso, para cobrir estas emergências.  Embora isso acabava atrasando o fim do estagio, eu não me importava muito pois sempre aprendia alguma coisa nova e era também gratificante sentir-se útil.   Um dia, entretanto, esta pratica quase acabou com a minha carreira.  Era um sábado (a área adminstrativo trabalhava sábados ate meio-dia), e o Chefe me chamou e disse “Tivemos que demitir um caixa e você terá que pegar no caixa amanha as 7 horas”  “Sinto muito, mas amanha não posso” respondi, “amanha e minha folga, e tenho um compromisso muito importante que nao pode ser adiado.  Ja me programei todo, e amanha nao vou poder trabalhar”  “Se não vier trabalhar amanha, na segunda-feira será suspenso” sentenciou o Chefe, “Entao pode preparar a carta de suspensão desde já", eu retrucei, "pois amanha, com certeza, não virei trabalhar”, eu disse, e fui embora, e, de fato, no dia seguinte não fui trabalhar.  Quando cheguei na segunda-feira senti um clima pesado no escritório, pois  O Chefe não me cumprmentou, e ate o Chefe de Pessoal procurava me evitar. Não tinha sido ainda suspenso, mas estava claro que algo iria acontecer.  Pensei comigo mesmo, “vou ser demitido”.  No fim da tarde fui chamado ao escritório do Gerente Geral, um homem frio e distante, e com quem, ao longo do estagio, eu nunca tinha recebido qualquer palavra de elogio ou incentivo.  Era a primeira vez que eu havia entrado no seu escritório, e ele não fez nenhum menção para eu sentar, me deixando de pé na sua frente, e sem qualquer preâmbulo, foi direto ao assunto  “Voce deve fazer um teste vocacional, para saber para que você serve na vida, pois, para a hotelaria, com certeza, não e.  Na hotelaria e preciso ter espírito de colaboração e você demonstrou que não possui esta qualidade, pois se estivesse você teria comparecido ao trabalho ontem, conforme o Chefe do Escitorio solicitou,”, e continuou “Ouco falar que a Fundação Getúlio Vargas conduz esse tipo de teste, e sugiro que você vai ate la e se informa”  Tentei argumentar que eu achava que havia demonstrada colaboração e boa vontade em dezenas de ocasiões anteriores, tanto e que o estagio já estava dois meses atrasado em relação ao tempo previsto, mas o gerente não quis saber, e terminou a conversa dizendo, "...bem, seu tempo de estagio conosco já esta concluído.  Vou avisar ao Escritório Central e cabe a eles  determinar seus próximos passos, mas segue meu conselho e faca um teste vocacional"   Era uma péssimo final de estagio, e eu sentia muita raiva, pois eu sabia que a opinao do gerente era muito injusta.
     Felizmente,não foi preciso fazer o teste vocacional, pois no dia seguinte recebi um telefonema do Escritório Central me informando que eu iria integrar a equipe de Auditoria Operacional,  e ficaria lotado no Escritório Central.  Não seria mais estagiário,  mas teria que frequentar um curso noturno de Administração de Empresas, durante 12 meses, custeado pela  empresa.  Uma nova etapa na minha carreira estava começando!
      Em Tempo:  Por uma das ironias da vida, vinte anos mais tarde, quando eu ja era Diretor do Rio Palace,  esse mesmo gerente me procurou solicitando um emprego.  Nao hesitei em contratar-lo, pois era um tecnico competente, mas, e claro, nunca falamos sobre o tal teste vocacional!

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